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Se você já viu uma galera treinando no Ceret descalça ou fantasiada, andando com os olhos vendados ou com um bambu na cabeça, muito provavelmente o nome da Juliana Romantini está por trás. 

Ela adotou o Ceret como sala de aula em 2014 e, desde então, está sempre por lá desafiando seus alunos em práticas inovadoras e ancestrais.

A Ju Romantini, como é conhecida, é treinadora corpo-mente, nasceu e cresceu no Tatuapé, onde desenvolveu uma metodologia autoral – a Prática Integral – que aplica nas aulas em grupo do Ceret e do Parque Ibirapuera, nos trabalhos de personal, nos eventos, na imersão Reconectar-se e também no trabalho corporativo. 

“A Prática Integral é baseada em saúde e vitalidade para que as pessoas incorporem um estilo de vida que não as adoeça. Para isso sistematizei um método em que os meus alunos vão incorporando aos poucos esse novo estilo de vida e se tornando cada vez mais saudáveis, cheios de vitalidade, levando o trabalho de autoconhecimento pra vida”. 

DA ACADEMIA PARA O PARQUE

Graduada em Educação Física, pós-graduada em reabilitação cardíaca e grupos especiais, especialista em Mindfulness pela Unifesp e em Medicina do Estilo de Vida pela Harvard University, a Ju trabalhou na Cia Athletica do Shopping Anália Franco por 16 anos. Lá, além de professora, foi gerente e personal.

Ela não perdeu tempo quando, na primeira semana de aula na faculdade, viu a oportunidade de estagiar em uma das maiores redes de academia do País e, ainda por cima, perto da sua casa. E ali dentro muita coisa aconteceu: ela acompanhou a chegada do treinamento funcional no Brasil, muitos alunos e colegas de trabalho viraram amigos e teve até uma crise de pânico que a fez mudar o rumo da carreira. 

“Eu já vinha de um quadro de ansiedade, sem dormir direito, tomando café, cafeína em cápsula e energético porque não me permitia estar cansada. Aí comecei a bugar, tinha medo de sair de casa, medo de ter taquicardia e passar mal. Eu pensava: e se eu sair sozinha, meu coração disparar e eu passar mal? E se eu perder o ar e desmaiar? Aí comecei a paralisar. Um belo dia, não consegui entrar para dar aula”.

Depois desse episódio, ela precisou tomar remédio pra ansiedade por um tempo. Saiu do consultório do psiquiatra com a  receita nas mãos e imediatamente começou uma busca para entender o que precisava fazer para se livrar da medicação. O resultado dessa busca por autoconhecimento foi uma nova Juliana e a Prática Integral.

Isso, claro, não aconteceu de um dia para o outro. Houve um longo processo de aperfeiçoamento que incluiu uma formação na metodologia do Nuno Cobra (treinador do Ayrton Senna), curso de mindfulness na Unifesp, e, mais recentemente, uma especialização em Harvard. 

“A Prática Integral nasce da integração de todos esses estudos. E está sempre em evolução com novos conhecimentos, como esse curso de Medicina do Estilo de Vida , uma área super importante dentro da minha metodologia”.

Tomar a decisão de deixar o trabalho na Cia Athletica para seguir com uma metodologia própria – que vai completar 10 anos em 2024 – e ainda desconhecida das pessoas não foi nada fácil. 

“Eu lembro do dia em que chorei embaixo do chuveiro de ter que me desligar de lá, principalmente porque eu amava dar aula de spinning e tive que escolher”.

Hoje, ela acha que foi a melhor decisão porque a forma com que trabalha, perto da natureza e olhando as pessoas de forma integral, está muito mais conectada com a pessoa que a Juliana Romantini se tornou depois do pânico e de um longo processo de autoconhecimento. 

UMA VIDA NO TATUAPÉ

Se hoje o Ceret é  sala de aula e um dos lugares preferidos da Ju no bairro, houve um tempo em que o Parque do Piqueri, do outro lado da Radial Leste, era um dos locais que ela mais frequentava, na companhia especial do pai, falecido em 2020.

“Lembro de escalar as montanhas de pedra que que tinha no parque e também ficar andando a meio fio. Tinha umas traves de madeira, o meu pai me dava a mão e eu ia”. 

Quando olha pra esses momentos, ela vê que muito do que pratica hoje com os alunos estava presente ali, naqueles dias com o pai. 

“Eu me divertia. É muito parecido com o que eu sinto hoje, uma coisa de encontro com a minha natureza”

Bailarina formada, Ju começou a dar aulas de balé aos 14 anos. Ela conta que tinha uma rotina pesada e focada de ensaios, mas como adolescente sempre arrumava um tempinho pra curtir com os amigos

“Os alunos saíam das escolas e se encontravam no McDonald ‘s da Rua Serra de Bragança para combinar a balada do fim de semana e também das caminhadas pelas ruas do bairro para paquerar. “A rua mais famosa era a serra de Japi. Tinham alguns  bares que eram points”.

Hoje casada e mãe de dois filhos, o Léo e a Malu, Juliana segue vivendo intensamente o bairro. Frequenta os bares e restaurantes da região e faz questão de participar de eventos tradicionais, como a quermesse da Igreja Santo Antônio.

“O Tatuapé é a minha casa. Tem tudo o que eu preciso para viver bem, embora, hoje, me sinta triste quando vejo esse bairro tão violento. Tenho medo de andar pelas ruas à noite porque me sinto insegura. Vejo muito lixo, poucos eventos culturais, poucos eventos de educação e movimentos de consciência”. 

Ela ainda revela que tem um grande desejo a realizar no bairro: 

“Gostaria muito de fazer eventos na chácara do Regente e ajudar a valorizar e dar vida a esse espaço maravilhoso que temos por aqui”.

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